Um texto que parece
inicialmente complexo, mais porque perpassa por viés da História da Educação,
da psicologia, filosofia entre outros, e se fundamenta em um universo de
conceitos que temos atualmente sobre a Educação que devem servir de bases para
uma melhor compreensão. Conceitos imbricados que não se delimitam mais se
complementam no universo humano que possui definições tão dinâmicas quanto a
própria evolução social.
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Percorrendo a História da Educação desde a
Grécia, a Europa Medieval, o Renascimento, a iniciação científica do início da
Idade Moderna, o Iluminismo e o Humanismo, numa evolução onde não se encontra
uma sucessão linear das concepções sobre o ensino, apesar de constarem como
acontecimentos cronológicos, considerando as variações significativas,
oscilações e modulações diversas no modo de ensinar que variam com os
contextos, mais são percebidos certas constâncias com diferentes facetas como:
o ensino concebido de fora para dentro (dar aula); o ensino concebido de dentro
para fora (a maiêutica de Platão), essas duas posições extremas trazem
contrastes além de ideias intermediárias conforme as visões filosóficas,
psicológicas, sociológicas ou antropológicas.
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A origem da Didática é desconhecida
historicamente, o que é mais conveniente que se observe ao longo da história é
como esta vem se desenvolvendo e como se encontra no seu estágio atual. Segundo
Piaget: “a natureza de uma realidade viva não é revelada nem por seus estágios
iniciais nem por seus estágios finais, mas pelo próprio processo de suas
transformações”. A epistemologia interacionista e construtivista de Jean Piaget
trás uma terceira via do ensino através da construção simultânea dos objetos de
conhecimento e das estruturas cognitivas e coordenações internas.
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Podemos perceber e relacionar as influências
destas variações de ensino nas civilizações ocidentais com a pedagogia da
escola tradicional. Na Escola Nova com Rousseau volta o olhar para o aluno e
suas necessidades e, verificam-se as conotações natural e artificial em relação
ao ensino e hoje, acrescenta-se ao naturalismo uma atitude consciente diante
das relações homem-natureza com a incorporação do artificial.
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Percebemos o naturalismo compactuando com o
inatismo e o artificialismo com o empirismo e o conhecimento do desenvolvimento
psicológico com a psicologia de Piaget, essas três facetas constituem
fundamentos epistemológico adotados até hoje nos estudos da Educação.
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Aspectos importantes no conceito de ensino
que devem ser considerados são os anseios da sociedade que se torna molde para
a formação do indivíduo ou para torná-lo apto a exercer livremente o papel de
sua escolha, construído a partir de informações amplas e honestas e reflexivas
que lhe permitiram avaliar e assimilar mediante uma “democracia pedagógica”
para conciliar o indivíduo e a sociedade com responsabilidade moral e social
que são essências da cidadania.
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Para que haja o processo de ensino, deve haver
a comunicação que pode ser feita através das palavras, gestos, imitações. Ultimamente
essa comunicação vem se efetivando com as tecnologias: rádio, televisão,
informática e todos os diversos tipos de mensagens que possibilitam a ampliação
do intercâmbio social. Assim, os meios como se ensina mudam e devem obviamente evoluir
como os processos de comunicação. A base da Didática é a questão pedagógica, e
quando dela separada torna-se uma tecnologia, perde-se em considerações
quantitativas, em normas e regras desligadas de sua justificação e fica ao
sabor de objetivos estranhos aos fins da Educação, sua razão de existir.
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O que caracteriza o ensinar é basicamente a
sua intencionalidade que objetiva ajudar aos outros a aprenderem, não
correspondendo a uma certeza, mas a um esforço com uso dos chamados procedimentos didáticos, visando a melhor aproximação entre o
ensinar e o aprender.
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A Didática é a ciência do ensino e se
caracteriza por um corpo de conhecimentos sobre o processo de ensino de modo a
garantir a melhor eficiência, e que, graças ao aprendido, se torne diferente,
melhor, mais capaz, mais sábio, além de proporcionar o aperfeiçoamento pela
assimilação consciente e que seja fator de seu desenvolvimento moral,
intelectual ou físico através dessa associação da intenção com a educação, a intenção
educacional, considerando-se todas as variáveis no contexto em que é analisada.
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A Didática se baseia no conceito do ensino, um
desafio que busca instigar, provocar e incentivar. Esse objetivo se confronta
diretamente com a realidade das classes a serem ensinadas, seu mundo, sua
sociedade e seus conceitos e qual a Educação que se intenciona para esta classe.
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Ensinar é um fato que pode ser pesquisado,
interrogado e avaliado, apesar das muitas variáveis envolvidas neste processo, depende
principalmente da intencionalidade ou objetivo que o conduz, levando-se em
consideração o resultado das consequências para a vida social.
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A relação entre o ensinar e o aprender pode
ser fácil e produtiva ou difícil, parcial ou nula, e as condições do aluno
quanto ao seu processo de aprender diante do ensino oferecido devem ser
considerados dentro dessa relação, pois a maior parte dos fracassos é atribuída
ao aluno.
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Na Didática, o conteúdo aprendido corresponde
aos currículos formados por diferentes ciências, artes, técnicas e atividades, fazendo
com que a Didática se divida em Geral e Específica (que está ligada aos
problemas específicos dos conteúdos), e nesse currículo a verdadeira intenção
educacional se apresenta de maneira abstrata, promovendo ao aluno o aprender a
viver e aprender a ser. Esse aprender a viver e aprender a ser pode proporcionar
condições para viver em situação social, em modo solidário, cooperativo e
gradualmente ser capaz de reconhecer os valores éticos, estéticos e
intelectuais que pertencem à natureza, à cultura e que se manifestam no
exercício da cidadania. Esses valores estão subjetivados nos currículos e nos
processos de ensino, desconsiderar esses valores talvez seja a fonte das
maiores dificuldades da educação atualmente.
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A Didática não é social e politicamente
neutra quando ensina ou não determinados conteúdos e incentiva, ou se recusa a
incentivar, o processo de construção do conhecimento e aptidões intelectuais
das crianças, adolescentes e adultos, desenvolvendo capacidade crítica e
reflexiva.
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Uma cidadania esclarecida exige a construção
do senso de responsabilidade e solidariedade, mas está baseado no respeito ao
aluno e sua capacidade de julgamento independente.
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Um passo a considerável a frente da Didática
foi distinguir as fases que se sucedem de modo cíclico: planejamento, execução
e avaliação que vem sendo ampliada, por um processo de assimilação/apropriação
de temas que não lhe pertencendo na origem vêm sendo considerados de relevante
importância para seu duplo papel: explicar, compreender a realidade do ensino e
orientá-la e, abrange a temática social dentro da classe, na escola e entre a
escola e a comunidade, aproximando-se da linguagem, comunicação e pensamento,
incorporando uma nova terminologia a partir da informática e ciências afins,
com fronteiras imprecisas incorpora multiplicidades de teorias chama a seu
campo tudo que interessa ao homem numa intrínseca interdisciplinaridade.
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A Didática visa o campo do ensino como seu
domínio especial, relacionado com todos os demais de uma área que abrange
estudos históricos e filosóficos, políticos e psicológicos aplicados à
Educação, as questões de organização e administração, de planejamento
educacional e demais temas de interesse educacional.
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A Pedagogia, como campo privilegiado de
reflexões sobre a Educação, acolhe no seu campo considerações de ordens
filosófica e social, procura apoio científico, mas também aceita os encargos da
organização da prática da Educação e, como a Didática tem por um dos seus
propósitos a orientação do ensino, consideremos ela a face prática da
Pedagogia, apesar dela não se restringir às questões pragmáticas, pois, para
orientar a ação, tem necessidade da busca à reflexão de caráter teórico e à
pesquisa científica. Entretanto, encontramos em seu viés todos os conflitos e
todos os avanços das ciências pedagógicas e compartilhando com elas de um
destino comum.
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