O texto aborda diversos
aspectos da Didática Geral, uma área da pedagogia que trata da docência, do
ensino e a prática dos docentes, tratando dos aspectos gerais de desempenho de
qualquer professor.
Num primeiro exemplo, dois
alunos comentam sobre a didática de seus respectivos professores, onde um
primeiro afirma que o seu professor não tem didática alguma e o segundo elogia
a didática de outro professor. O texto considera as duas afirmativas explicando
que, a didática é composta de conhecimentos adquiridos, saberes adquiridos por
diversos meios e, ao longo de todo o percurso do professor como estudante. O
professor terá ou não didática dependendo do seu modo de ser, de se comportar
em sala de aula nos momentos em que ensina. Quando se diz que tem didática é
porque se reconhece que o professor sabe ensinar bem, de um modo que os alunos
aprendem ou não, significando que o professor não tem conhecimentos suficientes
para exercer bem a função, de modo que os alunos possam aprender. A Didática
pode então fornecer esses conhecimentos.
Vendo um pouco na relação
estreita entre a história da escola e a história da Didática na modernidade,
por volta de 1500 a 1600, Hamilton (2001ª e 2001b) em suas pesquisas ligando
livro-texto, disciplina e didática com modificações relacionadas à existência
da imprensa e aparecimento dessas novas palavras e, juntamente ao aparecimento
da instrução relacionada à aprendizagem e outros fatores, segundo ele, a
palavra didática apareceu nessa época. Essa “virada instrucional” constitui um
momento decisivo para a existência da escolarização moderna com características
existentes até hoje, como didática é uma palavra bem antiga, até alunos que
nunca estudaram o que aqui está descrito, sabem identificar o que é ter ou não
didática, ou seja, esse “jeito de bem fazer se compreender as coisas de um modo
agradável”.
Os textos com essa nova
expressão surgem inicialmente com Elias Bodin (COMÊNIO, 1976), Ratke (2008) e,
posteriormente, o próprio Comênio que leu esses textos e ficou conhecido como o
“pai da Didática” e defendia que todas as pessoas fossem educadas, que por
todos os lugares se construíssem escolas e, portanto, por todos os lugares se
preparassem pessoas para ensinar e aprender com facilidade, solidez e rapidamente.
Comenius organizou em seu livro conhecimentos das Didáticas Geral e Específica.
No século XVIII, por volta
de 1762, Rousseau propunha a necessidade de estudar os alunos pra que melhor os
conhecessem. Essas propostas tão antigas evoluem e no último século ganha força
a pesquisa sobre a realidade escolar com destaque para os focos sobre a
instrução, sobre o ensino e os modos de fazer o trabalho pedagógico, sobretudo
em salas de aula, avança significativamente as investigações e estudos sobre a
Didática.
A autora, através de
trabalhos desenvolvidos em 1994 e publicados em 1996 e 2005, trás uma concepção
de que “a Didática é área de conhecimento pedagógico que se dedica ao estudo,
análise, divulgação e desempenho do trabalho docente”, possuindo três facetas
ou feições que são:
1. É o
núcleo do trabalho docente, a parte fundamental desse trabalho, a atividade de
ensinar e levar os alunos a aprenderem;
2. Componente
fundamental na formação de professores;
3. É
efetivamente investigadora, onde os professores podem buscar novas facetas do
ensino, através dos livros, pesquisas, novos materiais didáticos e
conhecimentos produzidos no chão da sala de aula.
As pesquisas relacionam a
atividade prática com a realidade das escolas e sua organização, o ambiente
social em que estão inseridas e entendendo as estreitas relações que possuem
com as influências sociais, políticas, legais, econômicas, científicas,
artísticas e a sua influência dialética com essas áreas externas à escola.
Os Pesquisadores analisam também
a Pedagogia abordando sua dimensão epistemológica, na busca de novos
conhecimentos com suas questões e procedimentos investigativos e práticas
enquanto saberes para a ação pedagógica.
Os processos de ensino que
seguem uma “tradição” terminam por ficar conhecidos como Didática Tradicional,
porque acabam por seguirem os mesmos princípios dos tempos iniciais da
escolarização, com processos de repetição e memorização e ordens dadas eram os
comportamentos a serem realizados pelos alunos. Supunha-se que assim noções
simplesmente eram impressas nos cérebros dos alunos sem que precisassem fazer
outros esforços além do mencionado. Eram desconsideradas as diferenças e
especificidades de cada aluno, como que, o que servisse pra um serviria a todos.
Com os avanços e evidentes
mudanças no contexto social, surgem novos procedimentos didáticos com essa nova
caracterização, o professor passou a ser concebido como orientador de
aprendizagem do alunado e não mero transmissor das noções, alterando-se
procedimentos como: estudos do meio social por visitações, incentivo e
orientações para adquirir conhecimentos e dar continuidade aos estudos
individualmente, planejamentos realizados por alunos e professores para
organizarem ações objetivando ideias e soluções para problemas e procedimentos
que permitem aos alunos trabalharem de acordo com suas condições e ritmos
através de fichas didáticas.
A partir da década de 1960,
o Brasil além de outros países ampliam as ofertas de escolas para a população e
consequentemente surgem novos problemas como a evasão e a repetência de modo
acentuado.
Mais ou menos na década de
1970 começa-se a observar que não bastava que a Didática tivesse boas técnicas
e precisava estabelecer relações com outras áreas do conhecimento para auxiliar
a suprir novas necessidades. Surge um movimento que apontava o tecnicismo da
Didática a partir de várias análises realizadas sobre o ensino da Didática e
passou-se a perceber que não bastava que o ensino sofresse mudanças, mas também
o ensino da Didática nos cursos de formação de professores. Houve casos em
universidades de eliminarem o título Didática, como se isso funcionasse e
mudasse a forma de focalizar e realizar o ensino.
Com as pesquisas verificam-se
as muitas relações que se estabelecem com o Ensino, professor e aluno e,
percebe-se que todos estão intimamente relacionando-se com toda a sociedade,
precisando que o professor desempenhe muitas ações para ensinar e tentar
assegurar ao máximo a aprendizagem dos alunos.
Nessa nova conjuntura o
professor precisa, além dos profundos conhecimentos específicos, cuidar das
ações para a sua primordial função docente, precisa ensinar para que seus
alunos aprendam e aprender com as diversas circunstâncias que passa,
reconstruindo constantemente a sua Didática, levando em consideração a
legislação vigente, a ideologia da escola e da sociedade, com a colaboração dos
alunos, da própria família e suas próprias experiências.
Peculiaridades de cada
professor, dentro de uma mesma Didática, a Didática Geral, apresentar traços
diferentes para vencer dadas intenções, nos faz pensar que há recursos da arte
no trabalho docente, existem ideias e arranjos pessoais nesses objetivos.
No texto percebem-se
características tecnicistas, ao relatar que após as pessoas passagem anos de
estudo e em cursos específicos, podem ser chamados aqui para a vida de alunos. Relatos
de Araújo (2002), Oliveira (2002) e Monteiro (2002) de que crianças, desde
muito cedo ao se tornarem alunos, verifica-se nas salas lugares ideais para
sentar, preocupação com assepsia e ordem do ambiente, cumprimento dos horários
rígidos levando à aprendizagem do tempo, inclusive para o uso do banheiro ou
para apontar o lápis, contenção dos movimentos para não atrapalhar o trabalho,
limpeza e boa apresentação dos cadernos, entre outras situações em que se
desenvolve a obediência ao controle e vigilância exercidos preparando as
crianças, desde cedo, para o mundo do trabalho (FERNÁNDEZ ENGUITA, 1989).
A cena três trazida no texto
em que uma pesquisadora está na escola para uma pesquisa na área Didática
buscando obter mais conhecimento sobre a visão dos alunos quanto à dificuldade
que têm de entendimento sobre o que as professoras de 1ª a 4ª série falam em
sala de aula. Investigam quais as reações dos professores e alunos e
verifica-se que os alunos percebem que explicar é tarefa do professor e é parte
da sua Didática e que, essas relações pedagógicas e sociais que não existiam
anteriormente ao surgimento da escola moderna, são consideradas por alguns
pesquisadores como a característica mais central da escolarização moderna
(VINCENTE; LAHIRE; THIN, 2001), uma configuração vista como princípio
fundamental para a compreensão da escola.
Essa função docente ligada
aos saberes que precisam ser ensinados tanto em relação ao que ensinar quanto
em relação ao modo de ensinar caracterizam uma pedagogização das relações
sociais que passam a existir na escola.
Nos questionamentos
existentes dos alunos em relação ao ensino dos professores diversos fatores são
evidenciados e que, podem significantemente influenciar no aspecto de
desenvolvimento cognitivo do aluno, à medida que seus questionamentos são
atendidos, ignorados ou mal assistidos, passando ao aluno um aprendizado
através de conclusões subjetivas quanto às suas perspectivas diante dos
questionamentos. Bourdieu (2004) trás concepções que nos permitem comentar
episódios como estes de dúvidas e questionamentos dos alunos, quando nos leva a
pensar que nos sistemas de ensino carregam com eles, poderosamente, sistemas de
pensamentos, de percepção e ação no mundo, ou seja, não são somente os
conhecimentos que as escolas propiciam, mas muito mais do que isso.
Pesquisadores na França e
depois no Brasil e outros países, desde 1987 desenvolveram estudos que nos
permitem entender que a relação com o saber é basicamente uma relação com o
mundo, desde o nascimento para a sobrevivência. Essas múltiplas relações
estabelecidas com pessoas, objetos, a linguagem e o tempo são conhecimentos
organizados que se desenvolveram historicamente no mundo e estão disponíveis
para serem ensinados e aprendidos. Uma marca fundamental da função docente é o
desejo de saber para que cada um aprenda
e tudo que se estuda no curso de formação docente e deverá ser estudado
por toda a vida tem implicações e relações com a vida da sala de aula.
A Didática é a área composta
por conhecimentos que se referem ao saber fazer do professor. É a área mais
antiga do campo pedagógico, surgindo especificamente voltada par o ensino com
conhecimentos voltados às salas de aula e dos professores futuros que se
preparam. É a área que permite ao professor acompanhar seus alunos e a si mesmo
para ver os resultados de tudo o que vem pensando, fazendo e analisando por
meio de avaliações e num movimento dialético constante.
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