Definir a Educação e política, como estas inicialmente se
caracterizam em nosso contexto social, perpassando diversas esferas para a formação
social, cultural e política para definir o próprio sujeito e permite reflexões
por diversos segmentos.
A educação formal passa a ter as características dos moldes
atuais a partir dos séculos XVI e XVII, com o fim do feudalismo, a Revolução
Francesa, a industrialização e o alastrar do capitalismo além de outros
acontecimentos históricos que influenciaram definitivamente o modo de vida
social, alterando o tipo de educação que passa a necessitar de novos modelos
para se adequar ao seu contexto, inicialmente nas sociedades europeias e hoje
se encontra na maioria dos países ocidentais, passando por uma educação
eclesiástica no período medieval depois uma educação pública religiosa, porém
de caráter nacional. Com a Revolução Francesa, pelos fins do século XVIII, o Estado
organiza a educação para seus próprios fins com uma educação de súditos, de
caráter militar, com a formação do cidadão com uma educação elementar, popular,
primária e cívica.
O Estado passa a ser provedor da educação para a massa, aparentemente,
existe o interesse por parte do Estado em educar o povo, não deixando este de priorizar
um idealismo que beneficia a própria classe dominante, que necessita de mão de
obra mais qualificada para suprir suas necessidades desse novo modelo econômico
em que o mercado se instaura, diante da
inflamada ascensão do modo de produção capitalista e seu perfil de acúmulo de
capital, em um discurso, ilusoriamente
social, de que seria o provedor da educação para o povo.
Com a participação cada vez maior do povo no governo da nação, surge
a educação pública democrática que se apresenta em nossos dias, buscando a
melhoria das condições de vida nos diversos setores da sociedade para terem
acesso aos bens e serviços, com isso, originando disputas de classes onde as
menos favorecidas buscam minimizar ou eliminar as relações de exploração por
parte das classes dominantes, buscando uma educação universal e que não seja
exclusividade das classes dominantes, classes que por sua vez, dominam o Estado
formando uma “teia de interesses” em todos os níveis buscando manter a hegemonia
da própria classe burguesa e faz da política educacional um instrumento de
dominação.
Nesse contexto econômico capitalista e de regime
político-democrático, é que se apresenta uma educação gestada pelo Estado com
um caráter social, onde diversos atores das diversas classes sociais participam
dessa política e buscam por meio de regras pactuadas e ideologias de classes,
dentre outros delineadores, a implementação de políticas educacionais mais
adequadas as sociedades modernas e contemporâneas sob o capitalismo e a
democracia, conforme a ênfase dada pelo governo na gestão social, que vai desde
uma posição liberal conservadora a uma posição social-democrática.
O caráter social da educação, de proporcionar vida digna e
oportunidades para todos, passa a ser mera propaganda ou objeto de barganha do
governo para minimizar conflitos, criando argumentos burocráticos para limitar
ou deixar de acontecer e favorecer o mercado capitalista, que nos moldes que se
encontra só interessa a classe burguesa. O caráter social da educação para a
formação do sujeito como sujeito na sua relação com a sociedade e com o mundo,
como “dono de seus atos”, consciente da história que há muito faz parte e
consciente de que pode melhorar a sociedade para si, para o próximo e para seus
descendentes, é a verdadeira educação de que todos da sociedade precisam,
fugindo da dominação e da alienação a que é subordinado, aprendendo só aquilo
que querem que ele aprenda, condicionando o sujeito ao próprio interesse de
formação de mão de obra e de gerador de lucros para sustentar a burguesia.
Cabe sempre uma nova reflexão onde podemos questionar: “será que
os sujeitos que agora estão no governo administrando o Estado não receberam uma
educação que possa conscientiza-los de suas responsabilidades sociais?”, “será
que o capitalismo corrompe a essência do sujeito?”, “qual educação é a mais
indicada para que se tenha de fato a educação como política pública e caráter
social e na sua melhor qualidade?”, “que educação cabe em nosso contexto para a
melhor formação do sujeito?”, são questões complexas que perpassam por pesquisas
de clássicos educadores e demais estudiosos da educação e se apresentam com
características específicas cada uma ao seu tempo.