Esta produção textual registra memórias, reflexões, descobertas, dúvidas, sentimentos acerca da minha história e trajetória escolar, com a intenção de que se inicie um processo de conscientização daquilo que faz parte da formação do pedagogo, dando oportunidades para pensar acerca dessa escolha pelo curso de pedagogia e da importância dos fundamentos e da ação pedagógica discutidos nas disciplinas do primeiro e deste que é o segundo semestre também.
Descreve os aspectos de formação do sujeito aqui em questão como as memórias da infância e algumas das experiências vividas na escola, com detalhes que foram possíveis recordar daquilo que faz parte do desenvolvimento e aprendizagem, professores que fizeram parte dessa formação e aspectos que lhes tornaram diferenciados, bem como as escolhas que possibilitaram cursar a faculdade de Pedagogia, motivos e influências que fizeram parte dessa iniciação.
Este trabalho vem colaborar também para uma visão daquilo que se pretende alcançar ao final desse curso, visando as características de um professor / educador ideal e objetivos que se pode alcançar com a formação de pedagogo, comparando as ideias que se tinha antes e até o momento dentro do curso de Pedagogia destacando a percepção de que modo ocorreu o processo educativo em minha vida.
As memórias de sua infância e das experiências vivenciadas na escola.
Eu, Alberto Gomes da Silva, nascido em 17 de dezembro de 1970 no município de Santa Inês – Ma, a 240 Km aproximadamente da Capital São Luís, sétimo filho de um total de treze irmãos, sendo dez irmãos e 3 irmãs, descrevo as poucas lembranças e as mais remotas das quais tenho afeto, que são de quando comecei a alfabetização na casa de uma vizinha, no município de Santa Inês, Ma, onde nasci em 1970. Iniciei a escolarização aos 3 anos de idade com essa vizinha de nome Terezinha e, as poucas lembranças de que me recordo são de que ela pegava minha mão com um lápis, e eu cobria as primeiras letras do alfabeto.
Os detalhes dos sentimentos que lembro, são de que ela demonstrava muita paciência, repetindo aquele lento processo de letramento, onde usávamos um caderno de caligrafia pronto para se cobrir as letras ou ela fazia com a caneta as letras tracejadas para que eu às cobrisse com um lápis, lembro-me que eu procurava a melhor maneira de cobrir cada letra, buscava a melhor técnica, também que não usávamos a caneta no início porque seria mais difícil apagar para corrigir os erros e também, a tinta da caneta era mais macia e escorregadia, o que dificultava fazer as letras com mais precisão, argumentava isso a professora Terezinha, quando eu queria escrever com a caneta.
Lembro-me que estudávamos na mesa da cozinha na casa da professora e éramos poucos, uns 4 alunos nas tardes de aula, não sei quantos dias por semana e nem quanto tempo passávamos estudando, mais sei que minha mãe achava que com 3 anos de idade, ainda não estava no tempo de começar a estudar, ir pra escola, o motivo pelo qual ela me colocou logo, foi porque minha irmã com um ano de idade a mais do que eu, já iria para a escola e, para que ela não fosse sozinha nossa mãe preferiu que eu a acompanhasse e assim estudamos juntos muitos anos.
Uma cena que me recordo com clareza, é de um dia em que não fui a aula, mais do quintal de minha casa onde tinha um balanço de corda, eu balançava e podia olhar os outros alunos pela janela da casa da professora, que era minha vizinha, a fazer as atividades com os outros alunos, desta cena nunca me esqueci.
Não sei como se encerrou esta etapa da minha escolaridade, a próxima cena que me lembro já era frequentando uma escola particular, já mais estruturada, com quadro de giz, uma turma com carteiras, e o nome da professora era D. Zeca, as cenas mais claras que tenho era de que, quando ia para a escola pedia dez centavos para minha mãe para compra suquinho, as cobranças que a professora fazia para estudar a tabuada, que era questionada individualmente e que errava receberia um bolo de palmatória do colega próximo que acertasse, também da cartilha de ABC, com figuras coloridas onde pronunciávamos sempre em voz alta: “A avião, B bola, C casa, D dado, E elefante, F faca, G gato, H homem, I igreja, ..., Z zebra, interessante o método de ligar a figura ao nome.
Não me recordo de brincadeiras na escola, somente com meus colegas vizinhos no quintal de casa, brincávamos com pneus, balanços de cordas nas árvores, que eram muitas em um quintal muito grande, brincávamos de carrinho com latas de óleo e de água sanitária vazias, fazíamos casinha, na verdade uma casinha bem grande, de pau-a-pique, com compartimentos, baladeira (estilingue), flechas, lanças, bolinhas de gude, pião de coco babaçu, chucho, fazíamos anéis de tucum, pescávamos e colhíamos tudo quanto fosse de frutinhas no mato, pulávamos cercas e subíamos em árvores, não tínhamos muito o que fazer em casa, então, procurar rios para tomar banho, caçar passarinhos, armar arapuca, pescar, era a rotina dos momentos que não estava na escola, estudar em casa somente quando tinha alguma prova oral, ou alguma atividade muito importante, terminado a atividade estava livre, tudo era uma aventura, crianças muito travessas nesse aspecto, tudo em nome da emoção, pegávamos surra constantemente, pronunciar palavras de baixo calão era algo proibido e o respeito aos pais e aos mais velhos era sagrado.
A condição do brincar, achei fundamental e primordial no meu desempenho em sala de aula, não por ser o melhor, más estar entre os melhores e também nunca ter reprovado, em um período em que havia uma grande exigência e um período que considero que o estudo era mais rigoroso, comparando com as exigências atuais. A condição de brincar, trouxe para mim a possibilidade de um estado físico e mental equilibrado, disposição, motivação e concentração para o estudo, o que consequentemente teve bastante influencia no meu desempenho profissional.
A primeira escola da rede pública que estudei foi ainda em Santa Inês, Ma, onde me apaixonei pela minha professora que não me recordo o nome, mais sei que tinha esse sentimento por ela, não demorou muito e tivemos que vir embora para a capital São Luís, estava entre cinco e seis anos de idade e logo fui matriculado no primeiro ano na Unidade Escolar Arnaldo Ferreira e, a rotina não mudou muito, escola, onde procurava aprender o máximo possível pra não ter que estudar ainda mais em casa, somente fazer as atividades que tinha para casa e depois, o restante do tempo era brincadeira e travessuras com os irmãos e colegas vizinhos.
As expectativas quanto à passagem do Ensino Médio para a Educação Superior no Curso de Pedagogia.
No ensino médio, que conclui aos 17 anos, escolhi o curso técnico em metalurgia por influência de um amigo que já fazia, sem muita motivação, más nossa turma de 21 alunos que conseguiu formar, fomos estagiar na cidade de Volta Redonda RJ por seis meses, de volta sonhava me preparar para o vestibular, o que não aconteceu, pois meu pai exigiu que eu começasse logo a trabalhar em uma empresa em que ele era encarregado, exercendo a função de servente em um horário que não permitia conciliar com estudos, o sonho de entrar na UFMA foi se distanciando à medida que o tempo passava, constituir família, a morte de meus pais e ajudar os irmãos menores me fizeram priorizar a responsabilidade e o trabalho.
Cursei administração em uma faculdade particular e a faculdade pública atual veio por acaso, quando decidi fazer o Enem foi como motivação para meu filho já com 18 anos, consegui uma pontuação que me classificaria para o curso de Pedagogia e aproveitei a oportunidade para manter os conhecimentos atualizados e quem sabe um dia poder ajudar outros também, já que sou instrutor de informática a quinze anos, dando aula para crianças, adolescentes, adultos e idosos, graduados, pós-graduados e pessoas que não fizeram nem o ensino fundamental, empresários e muitos que ainda nem entraram para o mercado de trabalho, foi um presente o curso de Pedagogia pra mim na UFMA após 28 anos ter concluído o ensino médio e ter sonhado em entrar para a faculdade.
Na faculdade percebo que cada professor utiliza de sua particularidade e do que percebe que necessita para que a turma se desenvolva, cada um se torna o professor ideal em sua cadeira, diante dos objetivos que deseja que a turma alcance ou chegue o mais próximo disso possível. Observar essas metodologias e atitudes de atenção, exigência, tolerância e rigor, dentre muitas outras, enriquece o leque de opções de como dar aulas e, de alguma forma acabamos por assimilar de cada um aquilo que nos cabe, pois, o professor / educador ideal é aquele que irá suprir às necessidades diante do contexto em que esta necessidade se apresenta, e é assim que busco me preparar para ter conhecimento, base e fundamento suficientes para suprir esta necessidade caso esta venha se apresentar.
As ideias sobre o que é educação e sobre o que é a Pedagogia e a Educação infantil
A priori, entendia que a Pedagogia seria todos os processos, metodologias e burocracias usadas para o processo de escolarização tanto da rede pública como da rede particular de ensino, mas ao aprofundar um pouco mais só tive interesse logo após a aprovação no Enem e, entendia que a Educação infantil se caracterizava pela iniciação das crianças na escola com a alfabetização e iniciação no mundo e suas regras, comportamentos e cultura e que na idade entre zero e cindo anos de idade aproximadamente, o que se poderia esperar das creches e pré-escolas seriam apenas cuidadores dessas crianças mediante a necessidade de alguém ter que repará-las pelo tempo em que seus pais não pudessem ficam com elas.
Realmente não imaginava que a Pedagogia tivesse tanto estudo e aprofundamento nos processos e métodos utilizados, nem mesmo que houvesse esses universos de teorias envolvendo todo o contexto social, nessa perspectiva evolutiva tão fundamentada e histórica e minuciosamente pesquisada, uma Pedagogia tão debatida em prol de uma evolução comum. Para mim tudo seria uma grande rede de cuidados e alfabetização, talvez pelo fato de ter frequentado a escola em um período de 1974 a 1987 com a conclusão do ensino médio, desde então podemos perceber as mudanças que ocorreram até o período atual. Via tudo com os olhos da Pedagogia tradicional e tecnicista, voltada para o aprender aquilo que faria com que tivesse uma profissão para se manter no futuro, na vida adulta, acreditando que com as condições financeiras garantidas estariam também a qualidade de vida, como diziam os antigos: “aquele que tinha muitos filhos homens eram vistos como futuros homens ricos”, e na minha família se buscava alcançar toda essa conquista material priorizando o trabalho braçal sem se preocupar tanto com os estudos, estudava se quisesse, porém tinha que procurar trabalho, seja ele qual for. A educação superior nunca foi vista como possibilidade de ser galgada, de uma família de 13 filhos somente 2 ingressaram em faculdade particulares e somente 1 deste conseguir também acesso a faculdade pública.
A educação infantil, portanto, era vista como o aprender a ler, escrever e contar, os demais aprendizados que tivemos, como o brincar, criar, promover suas próprias brincadeiras e criatividade para contornar as diversas dificuldades mesmo do dia a dia, em condições bastante carentes de vida, onde se buscava e se tinha como perspectiva mesmo, somente a sobrevivência, as condições básicas, como alimentação, vestir e tentar manter a saúde.
Com base do texto “O que é Educação?
Podemos fazer uma da visão anterior ao estudo deste texto e, com isso podemos definir como educação atualmente, constata-se o iniciar do curso de Pedagogia como um divisor de águas nestes conceitos, no primeiro período do curso tivemos toda uma iniciação dentro dessa nova visão de aprendizado, de conscientização de quem é a pessoa que está aprendendo e o objetivo desse aprendizado, onde pode-se destacar os conceitos de “O que é Educação? ” - BRANDÃO, Carlos Rodrigues, onde nos traz um conceito mais real daquilo que vivenciamos e nos mostra que a educação é um processo natural, onde todos aprendem e ensinam, mesmo sem essa intenção, faz parte do processo natural do desenvolvimento e, esse aprendizado que se dá na vida e em todos os lugares em que se vive tem suas perspectivas própria que significam para que essa educação serve, qual o objetivo de se desenvolver esse pensamento, essa maneira de fazer.
Podemos ter uma visão mais ampla de como a Educação se dá nas diversas culturas de diversos povos, que vivem de maneiras diferente da nossa e tem seus objetivos também diferentes. Onde o homem busca sair da situação de “objeto” sendo o sujeito na relação com o meio em que vive, pensa, aprende, cria, transforma o meio, a si próprio e suas relações com o seu próximo, compreendendo que existem várias Educações e que são construídas de diversas formas, em diversos momentos e constantemente.
Com o passar dos tempos e com mais experiências, pude perceber também como as brincadeiras de crianças influenciam no modo de pensar, nas tomadas de decisões, criatividade, iniciativas na vida adulta, nas diversas tomadas atitudes e na vida profissional, às vezes juntamente com meus irmãos, conversamos e comparamos situações do nosso quotidiano que dependem de atitudes que aprendemos brincando quando criança, constatando como diz o texto, a importância do brincar, dos diversos aprendizados que se leva por toda a vida e tudo o que se aprende é útil.
A felicidade, a qualidade de vida são quesitos íntimos a cada sujeito, e não se caracteriza especificamente conquista de bens materiais, conhecer o mundo e o meio em que vive proporciona para o sujeito tranquilidade, consciência de sua trajetória de vida e isso também se reflete na qualidade de vida, é uma Educação de vida, de mundo, que se adquiri vivendo, pensando, como pode-se observar em pessoas que podem até nunca ter frequentado uma escola mais possuem muita sabedoria e ensinamentos para a vida.
A Educação é a evolução do conhecimento em todos os aspectos cognitivos naquilo que se pode aprender dando o suporte necessário para a perpetuação da vida e do conhecimento, sobreviver, viver e conviver são princípios básicos favorecidos pela Educação e pode-se perceber que é uma característica natural do sujeito.